Tenório, Terêncio, não me lembro o nome do sujeito. Nos vimos a primeira vez em um passeio à cavalo em alguma cidade do segundo planalto, perto da serrinha. Ele, me contava que a vida era boa, e que, ele era mais feliz do que todos os clientes que ele guiava nos passeios. E, mais, que muito ficavam curioso com a vida que ele levava e, faziam planos de viver essa vida também. Perguntei, amavelmente, quantos desses curiosos aviam se mudado em direção ao campo. Para uma pacata vida de rancheiro. Claro, nenhum, que ele soubesse, pelo menos. E, assim, fico curioso, o que há nessa vida pacata que nos atrai? O que nos amarra ao mundo da pressa, das compras e poder? A resposta é simples: tudo!!! É bom poder trabalhar e construir pequenos impérios pessoais. É bom poder comprar, estar à frente das notícias, consumir cultura, é bom ter um playlist gigante e só ouvir as mesmas cem músicas. Estar nesse ambiente urbano, frenético, competitivo nos permite uma liberdade, a partir do poder de consumo, tão, tão grande, que, podemos inclusive, ocasionalmente, comprar uma vida de pescador pacato na praia, comprar uma vida de pacato rancheiro. O poder do mercado nos liberta para a vida como um produto de consumo costumisável. E assim, podemos, gradativamente, decorá-la com aquilo que nos convém. Bom, daí, dois problemas surgem: Primeiro: É preciso uma economia liberal, baseada em elementos democráticos, com uma grande estabilidade financeira; Segundo: É preciso uma caminhada social de reforço escolar, profissional e de oportunidades para aqueles que, historicamente, vem em condições desfavoráveis; Terceiro: É extremamente necessário um senso coletivo de governança do estado pelo indivíduo e seu grupo mais amplo, o povo. Ou seja, o estado não pode ser distinto, como instituição, do povo. O processo que chamamos de governo, representado pelo estado, tem que tratar dos interesses do povo. Todo o povo. Por outro lado, o povo tem que assumir a responsabilidade por esse processo de governança. Nesse caso, o estado representaria o interesse do coletivo de indivíduos porque os mesmos se fariam responsáveis pelo processo de governança. Isso implica em tempo, basta ver que, como fruto das diversas guerra internas no Brasil, fruto de indivíduos e seus coletivos, lutando por representatividade nos processo de governança decisória, temos por tradição, nos espaços coletivos, o processo de policiamento Militar. Outra coisa, continuamos com uma frase risível, a “a culpa é do governo”. Então, individualmente, nos afastamos da identificação com a estrutura de governança feita pelo estado. Votamos e, literalmente, foda-se! Mais um detalhe, para que obtenhamos o equilíbrio social, precisamos, definitivamente, acabar com o monopólio midiático. Isso vinha acontecendo com a ajuda das redes sociais. Os grupos, Abril, Globo, Record e Estadão, perderam bastante força nos últimos anos. Mas, agora, aproveitando os embalos da crise, pegaram o jeito e pulverizam imagens com letreiros bem editados nas redes sociais, retomando, assim, o controle sobre a informação. Mudar, não é fácil. Individualmente, é preciso uma revolução. E, socialmente, muitas vezes, a história nos diz o mesmo. Uma guerra, conflitos, revoluções. No Brasil, temos feito essa mudança de forma bem lenta e gradativa. Mas, temos, por isso, uma vantagem tremenda. Não matamos milhões e milhares em nome de ideias, conflitos armados sempre foram locais, pequenos e semearam grandes mudanças. Somos um povo de violências individuais e não coletivas.