Medo é um sentimento natural que sustenta a nossa sobrevivência. Ele tem a função de nos proteger de situações de perigo e ameaça que o mundo oferece. Sejam essas ameaças reais ou imaginárias, o medo atua nos deixando fortes e preparados para enfrentá-las.
Como toda emoção, o medo também é desencadeado por um processo bioquímico. Este processo bioquímico provoca algumas alterações em nosso organismo para deixá-lo preparado para enfrentar o perigo. O coração dispara, levando mais sangue para o cérebro e os músculos (mais oxigênio), a musculatura fica tencionada (contraída) para produzir mais força e resistência, o sangue foge da periferia para o centro do corpo, fazendo com que as mãos e pés fiquem gelados e o resto do corpo sue.
No tempo dos homens das cavernas o ser humano vivia com medo. Era frágil, pois não tinha garras nem dentes, não corria rápido, não voava e nem sabia viver embaixo d’água. Nos dias de hoje, após do desenvolvimento da cultura e da civilização, os perigo da selva sumiram, e os perigos das grandes cidades não nos ameaçam o tempo todo. Mesmo assim continuamos com medo. É fácil encontrar pessoas que tenham medo de tudo, ou medos imaginários. Hoje a grande fonte de nossos medos é a nossa imaginação.
Ficamos sempre tentando imaginar o que pode dar errado, quais perigos podemos ter que enfrentar no futuro, lembrando dos medos de nosso passado. Mantemos nosso corpo tão alerta com o medo constante gerado por nossos pensamentos, que acabamos sempre tensos, assustados, preocupados e angustiados. “O que vai ser de mim no futuro?”. Essa é a nossa grande questão.
No caso dos neuróticos existem três medos que o tornam especialmente apegado a este sentimento. Lembre-se que o medo, apesar de desconfortável, é uma proteção. O medo do neurótico não diz respeito a leões e soldados inimigos, mas sim a outros sentimentos, que tem o poder de trazer a tona seus maiores pesadelos.
O primeiro e mais evidente é o medo da culpa. Grande parte de todo o processo de racionalização e negação que o neurótico passa durante a vida e o período inicial de mudança, diz respeito a esse medo da culpa. Muitos de nós, durante a vida, cometemos pequenos atos que consideramos reprováveis e difíceis de serem justificados (mortes, assaltos, brigas, ofensas, mal-criações), mas nossa grande culpa é em relação àqueles que amamos. A neurose nos transforma e, muitas vezes essa transformação nos faz monstros. Espancamos (emocional ou fisicamente) esposas, filhos e filhas, maridos. Tornamos nossos filhos, de crianças alegres em seres assustados e profundamente machucados. Envergonhamos nossas famílias e acabamos com seus sorrisos e alegrias. Consumimos com o futuro promissor das próximas gerações, gastando compulsivamente o dinheiro da escola e mandando-os para lá, com marcas físicas de nossos espancamentos e marcas emocionais de nossas humilhações. Mesmo quando não batíamos fisicamente, procurávamos sempre ter uma relação aonde humilhando-os num dia, afastávamos eles de nós, e quando o porre passava voltamos com reparações ridículas, que quando não aceitas faziam ressurgir as agressões.
Outro sentimento que gera um medo profundo no neurótico é o sentimento de estar errado, fraco ou fracassado. Esse medo se manifesta claramente quando pensamos no futuro. O medo que temos de não conseguirmos garantir nosso futuro ou de fracassarmos em nosso processo de mudança.
Outra forma simples de perceber este medo, está na forma como lidamos com pequenas correções que sofremos, qualquer crítica que nos façam, gera um turbilhão de justificativas e racionalizações, como se não pudéssemos, nunca, estar errados.
Também sentimos isso em relação a situações de fragilidade. Bem fácil pensar nisso quando falamos em situações de envolvimento emocional mais profundo. Mantemos com amigos do mesmo sexo, sempre certo tom de competição, deboche ou raiva, deixando-os, assim, sempre distantes. Aprendemos com nossos pais (que em geral foram pessoas rudes e difíceis, se não violentas) a enxergar o carinho e as boas palavras (elogios, e gracejos despretensiosos) como um sinal de franqueza, covardia e homossexualidade.
O grande problema é que este medo do envolvimento emocional se manifesta com osso s familiares próximos também. Filhos, esposa, marido… triste não é?
O terceiro medo é o medo do prazer… que outro dia eu comento…
O medo se apresenta em diversas escalas de intensidade. Podemos ter pouco medo e muito medo. Mais claramente:

Tipo de medo

Como se manifesta

Como se resolve

0 – Confiança (sem medo)

Entrega plena para a vida

Para que resolver?

1 – Inseguranças (um medo bem suave e que só aparece quando pensamos em algo que PODE VIR a acontecer)

Medo de errar, timidez, precauções, auto-estima baixa.

Ele surge a partir do excesso de autocrítica, pare de procurar problemas em você e a sua volta.

2 – Ansiedades (medo pequeno, mas inquietante e contínuo que sentimos de algo que VAI acontecer)

Preocupações apresentadas em pensamentos obcecados, que não saem da cabeça e provocam agitação e irritação.

Caminhadas, orações, meditação, respiração profunda e uma boa e divertida conversa com as pessoas queridas.

3 – Medos (medo significativo, mas passageiro, que sentimos de algo que ESTÁ aconteendo)

Taquicardia, sudorese, tremores, pensamento acelerado, riso ou coro nervoso.

Não há como resolvê-lo, nem se deve, pois é uma resposta necessária do organismo. Previna a insegurança e ansiedade e ele será menor.

4 – Pânicos (medo intenso e passageiro, que provoca uma resposta física rápida e descontrolada)

Taquicardia, moleza nas pernas, gritos, socos, tonturas, sudorese. Ativa o mecanismo de fuga ou luta, correr e se esconder ou partir pra cima do perigo…

Não previna, nem pense, se não conseguir preveni-lo levando uma vida sem insegurança e ansiedade, corra.

5 – Horror ou Terror (medo tão intenso que é insuportável)

Desmaios, paralisias, “molhar as calças”, “borrar as calças”, vômitos

Torne-se um samurai.


TAREFA:

Medo e o passado:

1 – Em que eventos da minha vida eu tenho mais medo de pensar?

2 – Se eu pudesse nunca me perdoar, que eventos da minha vida eu escolheria para me angustiar (aflição, medo)?

Medo e o futuro:

1 – Com tudo que vivi em minha vida, como me sentir digno da felicidade?

2 – Depois de tantas disputas e insistências (teimosia) durante minha vida, como posso, agora, dar o braço a torcer (me entregar)?