A menina enjoada levantou tarde todos os dias da primeira semana de férias. Fora de casa, um sol brilhante esquentava o dia por trás de um céu de brigadeiros. Mas a preguiçosa ficou com a cortina fechada até a hora do almoço. Depois de duas horas rolando na cama, espreguiçou-se e, indo em direção da cozinha, reclamou e praguekou várias vezes contra o calor e o sol.
Lá em cima, o caprichoso, genoroso e dedicado astro rei, por uma mágica conspiratária envolvendo a lei da gravidade e as coincidências que só acontecem em contos ridiículos, ouviu o praguejar da jovem manceba. Entristecido, escondeu-se atrás de uma núvem branca que voava solitária nas alturas.
Nesse momento, vários curitibanos reníticos, ranhetas e sem graça como eu, agradeceram a folga no radiante calor que queimava o cucuruto. De novo, o astro rei pode ouvir os murmúrios de agradecimento por seu sumiço e, chateado recoulheu-se mais.
Perto das 17:00hs, na praça rui barbos, uma cigana, vestida em seus andrajos, carregando seu 2014 filhos e cheirando como se não tomasse banho a três encarnações, leu a mão de um senhor apressado:
“vaiacharoamordasuavida,rapidinhoseajudaravelhacigana,vaicasarvaiterfilholindoseajudar avelhacigana. E, agoraquejáliasuamãosenãoder10realpraciganaelavaijogarumapraga”.
Não podemos culpar o cara, eu também não daria. Também não podemos culpar a cigana, nem ela acredita nas próprias pragas.
Mas o sol ouviu:
“Nunca mais vai fazer sol! Nunca!
Bicicletas vão ficar de pneus vazios, mofos cabeludos vão crescer atrás dos armários, roupas ficarão cheirando a umidade e, nunca, nunca mais vai fazer sol.
O petit pavê da Rui Barbosa vai soltar, o da rua XV vai escurecer. As árvores da osório vão ficar com as raízes fracas e os troncos apodrecer e, nunca, nunca mais vai fazer sol!!!!
VIVA A UMIDADE A RENITE E O MOFO!
VIVA A GARÔA E O CÉU CINZENTO!
Viva o fim dos biquinis, das bermudas e do cheiro gostoso do filtro solar.”
E, então, o sol, já muito magoado pelo ingrato povo que somos, retríu-se mais. Do alto de seu posto no sistema solar deixou que seu ventos solares carregassem a seguinte mensagem:
“a partir de hoje, nessa cidade de gente cinza e ranzinza, somente as nuvens e o frio. Choverá no carnaval, feriado de festa. Choverá no ano novo, feriado ao ar livre. Choverá no Natal e os pentiados estragarão. Chovera na festa de formatura do prézinho do colégio positivo e os pais sentarão molhados nas cadeiras de veludo do tetro.
O céu ficará permanentemente cinza entre uma chuva e outra. E o parque barigui federá como a morte de um cabrito”.
E assim, nunca mais fez sol em Curitiba. E, todo nós, vivemos cinza e sem marca de biquini para sempre.
VIVA O FIM DO SOL, DA ALEGRIA E DA CERVEJA GELADA!
kkkkkkkkkkk Que depressão, hein?!
Uma música pra vc: "Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil!"
😉