Setembro foi declarado o mês para se falar abertamente sobre suicídio. Seguindo a tendência do outubro rosa, do novembro azul (próstata) e abril azul (do autismo). Todos eles assuntos importantes e, também, tabus.

Falar de suicídio, aborto, pena de morte, regulamentação de drogas ilícitas, além de doenças possivelmente fatais e bastante sofríveis, é tabu. Falar do fim da vida como algo inexorável, é tabu. Vivemos, afinal, como se a senescência não nos levasse ao inevitável. Ótima estratégia: positivar a experiência da vida como interminável.

Mas, essa positivação não é possível, necessária ou viável para uma boa parcela de nós. Fortemente ligado à depressão, o suicídio caminha mais próximo de transtornos como o Bipolar, a esquizofrenia e o Borderline. Nesses transtornos, apesar de o desejo e o planejamento da própria morte não serem tão frequentes quanto na depressão, a suspensão da vida é conseguida com mais frequência.

Morrer é um ato final. A partir dele, o indivíduo que tem a vida finalizada está desresponsabilizado das ações seguintes no jogo da vida. As angústias se encerram, os medos acabam. Do pó ao pó. Claro, explicações espirituais/religiosas podem ser cabíveis para os que nelas, tem seu conforto. Mas, se assim o fosse, o suicídio não caberia como solução viável. Portanto, crer na dor em um pós-morte ou numa reencarnação como castigo, para alguém em vias de suicídio, nem sempre é uma discussão funcional.

A discussão que se deve, se precisa ter frente ao suicídio é exatamente a que, desde o ano passado, tem sido feito através das redes sociais: AMPARO. Não há angústia que não sesse e não há problema que não se resolva. Mas, atravessar o tempo e as incertezas nem sempre é uma jornada fácil ou suportável.

Uma mão estendida, um olhar acolhedor, um café, uma palavra, muitas vezes apenas um ouvido via telefone podem bastar no momento de desespero e desorganização. Esses simples comportamentos: observar, perguntar e ouvir (prefiro sempre fazer isso com um cafezinho) são mais do que o suficiente para que a sensação de desamparo diminua e seja possível voltar a suportar o andar do tempo das coisas.

Então, o suicídio é uma responsabilidade exclusiva de quem o comete. Mas, estar disponível, estar fora de seu egocentrismo e de seu egoísmo, é uma responsabilidade dos viventes em comunidade. Talvez, se abrirmos um pouco mais os olhos para a pessoa ao nosso lado, possamos enxerga-lo e acolhe-lo enquanto o desespero ainda não efetuou aquilo que não tem retorno.

Além dos transtornos mentais, substâncias podem induzir os pensamentos recorrentes sobre morte: cocaína, anfetaminas (remédios para emagrecer) e a sibutramina. Essas substâncias atuam de tal forma no cérebro que, após determinado tempos de consumo acabam induzindo o pensamento recorrente e até a mentalização de atos contra a própria vida.

Mas, indubitavelmente, o campeão é o desespero. Induzido pela realidade ou pela desorganização psicótica, o desespero é o sentimento final e que, nos últimos minutos antes do ato, aparece muitas vezes como uma frieza sólida e decidida.

Hoje, alguns antidepressivos atuam especificamente contra os pensamentos recorrentes de morte. Atuando, portanto, como importantes aliados na resistência ao suicídio.

No setembro Amarelo, não podemos esquecer de falar de Vikor Frankl. Não sabe quem é? 
Ótimo, um pequeno objetivo para esse mês: procurar o livro – “Em busca de sentido”, lê-lo e dar de presente para contaminar o próximo com a busca de um algo maior.

Algumas entidades se dispõem ao apoio e amparo para esse desespero. Trabalham com o devido cuidado ético e com uma alegre e gentil eficiência. Uma delas é o CVV: Centro De Valorização Da Vida. Eles podem ser alcançados através de uma simples ligação: Em Curitiba – 141.


Divulgue e quebre o tabu!