O galo era realmente grande, com sua enorme crina, chegava a espetaculares 70 centímetros. As galinhas ficaram espantadas quando ele entrou pela portinhola, atirado pelo tratador. Caiu se arrebentando no chão. Levantando poeira do chão ciscado. Quando se levantou, ainda meio tonto da viagem na caixa de papelão, tremia e tinha as penas amassadas.
Com um chacoalhão da cabeça, colocou a crina em pé e saiu andando. Tentando fingir que nada acontecia, como é típico dos galináceos, transava as pernas e olhava mais parao telhado do que para frente. Com muito esforço estufou o peito, tentando parecer viríl e forte.
Passados alguns minutos o galináceo estava forte e impávido. Seu peito inflado, coberto de penas brancas e pretas lhe dava um ar de superioridade, comum em machos dessa espécie de galinhas (galos, aliás).
As galinhas olhavam repeitosas e assanhadas o novo macho do galinheiros. Galinhas velhas são bem resolvidas com o botar dos ovos e não se afligem com a cobertura. Bicam concha de ostra para deixar seus ovos de casca mais durios e cacarejam firme na hora da poenda. O galo ficou feliz com os rumores e cacarejares de fundo, seu desfile durou uma meia hora.
Avistou no canto direito do galinheiro uma galinha formosa, de penas marrons em sobretons de branco e bege. Pernas finas e amarelas, como toda galinha tem. Ela ciscava de traseiro arrebitado na direção do galo. As outras galinhas estavam indignadas com a descompostura de sua companheira. Mas o galo, que era macho, não resistiu a demonstração de relaxo e descomprometida vulgaridade da galinha, e foi para cima.
Parou do lado da pretendente e batendo as asas, esticando o pescoço, estufou o peito e cantou, cantou bem alto e, como todo macho que se presa, espalhou o pó do chão e jogou cisco no olho da pretendente, espantou a minhoca do jantar da moça, mostrando que queria algo com ela, mas realmente não se preocupava com os interesses da fêmea. Apesar do intento, ela resistiu bravamente. Por mais de quinze minutos o galo cantou, gritou, bateu asas, deu pulinhos e enfim, conseguiu o que queria. A galinha queria jantar em paz e, era melhor ceder ou o estúpido não pararia de gritar e zoar o galinheiro.
Durante a noite, enquanto o galo dormia, depois de assistir ao bigbrother, as galinhas cochichavam suas qualidades e beleza. Ele fingia que não ouvia, mas a cada elogio entendido entre os cochichos, ele estufava mais o peito no puleiro. Passavam da dez da noite quando ele caiu a primeira vez. Caiu mais duas vezes antes de dormir.
No dia seguinte ele acordou cedo, subiu no telhado e cantou como um galo deve fazer. Pouco tempo depois, água freca e muito milho com ração e um delicioso prato de resto da janta raspado no chão poirento. Ele foi o primeiro a ciscar e, depois, enquanto as galináceas ciscava, copulou com umas dez. No dia seguinte assim. E por mais 3 meses foram assim.
De repente, num dia qualquer as galinhas deram por sua falta. Havia sumido durante a noite. só que seu sumiço ocorrera 3 dias antes, mas só agora elas davam pela sua falta.
Por alguns dias elas ainda se perguntavam curiosas, mas depois de algum tempo esqueceram o jovem galináceo copulador.
Na manhã do décimo dia do sumiço, um delicioso prato de restos foi raspado por cima da cerca. As galinhas, agora sem o galo para atrapalhar, correram ciscar os restos de legumes e pedacinhos de ossos e carne braca. Muio líquido saboroso penetrou na terra e as galinhas passaram o dia ciscando pedacinhos de terra com gostinho de canja de galinha, galo aliás.
As galinha lembram daquele dia como sendo um dia de glória, como seria bom tomar um café da manhã daqueles todos os dias.

HEHE